domingo, 31 de agosto de 2014

Importância escondida (Pençá nº5)

Escuto falar que, no dia em que o morro descer pro asfalto - ou a periferia "invadir" o centro, será o caos. Concordo. Mas um caos de violência, de saques, destruições e repressão armada, com gases, fuzis, helicópteros, bombas, choques, espancamentos, prisões, feridos e mortos.

Imagino um caos bem melhor - e revelador - no dia em que o morro não descer pro asfalto - ou a periferia não vier pro centro. Porque aí, nada funciona. Ninguém pra ligar as máquinas, acionar os motores, fazer os transportes; ninguém pra abrir as portas e os portões, ninguém pra trazer a comida, nem pra fazer, nem pra servir. Ninguém pra limpar, nem pra tirar o lixo, arrumar as prateleiras e as coisas, ninguém pra atender, pra fazer as entregas, ninguém nas portarias. Nem secretários, nem acensoristas, nem operários, nem serventes, nem balconistas, nenhum engraxate, ninguém nas recepções. Ninguém pra carregar os doentes e feridos, ninguém pra cuidar.

Aí, sim, se perceberia a classe de pessoas mais indispensável de toda a sociedade. E se veria sua real importância na coletividade.

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As pessoas que têm os seus direitos respeitados, acesso à instrução, à informação, à moradia decente, a esporte e lazer, à boa alimentação e saúde, e que reconhecem a injustiça social com a imensa maioria roubada em seus direitos, muitas vezes se penalizam e desejam fazer alguma coisa pra "ajudar os mais pobres". A esses eu digo - os mais pobres precisam é de respeito. Que a sociedade respeite seus direitos e invista realmente nas obrigações do Estado com sua população em primeiríssimo lugar e o desenvolvimento será acelerado grandemente, pra todo mundo, sem miséria a nos constranger a todos. A capacidade de superação da miséria e da ignorância existe, tá na cara, conhecimentos, produção, grana, tudo existe pra mudar essa realidade. Menos consciência.

Que se perceba o trabalho intenso, extenso e profundo no sentido de criar ignorância e alienação, pra favorecer um punhado em prejuízo de todos. Instrução, informação e consciência espalhados são tudo o que "deve ser evitado".

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Bagé e Porto Alegre

Amanhã vou a Bagé pra VI Semana Acadêmica de Letras: Sons e Palavras são Navalhas. Amanhã, não, hoje. Ainda preciso dormir e acordar daqui a quatro horas, pegar um avião pra Guarulhos, depois pra Porto Alegre, um carro até Bagé, palestra, boteco prometido na seqüência, manhã de sábado pra Porto de carro, exposição na Lima e Silva à noite no sábado, à tarde e noite do domingo, volto segunda pra casa.

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Essa ida ao Rio Grande do Sul vai ser uma rapidinha. Tá tudo muito corrido. Quem quiser desenhos, apareça. Não levo livros, a editora tá fechando e faltam ainda trinta livros, mas não recebi ainda. Levo só desenhos, mesmo. Levo idéias, também. Os que quiserem desenhos, agora é a hora. Tô sempre precisando vender... vivo disso. E de mais nada.

Devo encontrar muitos amigos, pena que é tão pouco tempo.


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Alerta, Minas, alerta, Belorizonte. Mas alerta, Brasil inteiro. Desmascara-se o sistema, no dia a dia, de toda forma.

Estado anuncia despejo das Ocupações do Isidoro

Recebo isso como quem recebe um tapa na cara. Um tapa dado por esse Estado cooptado por interesses empresariais e descaradamente contra seu povo, especialmente sua parte mais frágil, mais desatendida, vítima desse mesmo Estado que descumpre sua própria constituição nos quesitos básicos, alimentação, moradia, educação que mereça o nome, atendimento médico de qualidade, transporte sem tortura, outros tantos.

Oito mil famílias, um novo Pinheirinho se anuncia. Estado criminoso, as instituições públicas viradas contra o público, o povo. Descara-se a ditadura empresarial, o que chamamos governo é mera gerência, pronta a atacar a população em nome de interesses empresariais.

Só a manifestação geral é que põe um freio nessas ações. São muitas famílias, é preciso que as pessoas se manifestem, falem no assunto, pressionem os poderes de fachada que, ainda que sejam de fachada - e por isso mesmo - se borram de medo de manifestações, de multidões se pronunciando, fazendo ouvir sua vontade, se comunicando e se solidarizando.

Nesse caso, solidariedade é a palavra e o sentimento chave. Vamo nessa, moçada. Sobretudo os mineiros, sobretudo os de belorizonte, mas vale pra todo mundo, pro Brasil inteiro, que a força que nos ataca é a mesma em todo o país. Só muda o sotaque, as expressões, os costumes, mas o arroxo é o mesmo, com a mesma origem e da mesma forma. Vale pro mundo, que essa forma social se impõe no planeta.

Quem de Beagá puder fechar com eles, tão precisando e agora é a hora.

observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.